papa-e-cardealPapa: respeito é a base da relação entre bispos e religiosos

Da Redação, com Rádio Vaticano
Foto: L’Osservatore Romano

Em audiência no Vaticano, Papa refletiu sobre três dimensões da vida consagrada

O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano nesta sexta-feira, 28, os participantes do I Congresso Internacional dos Vigários e Delegados Episcopais para a Vida Consagrada.

Depois de ouvir a saudação do promotor do evento, o Cardeal brasileiro João Braz de Aviz, o Papa fez seu discurso refletindo sobre três dimensões da vida consagrada: a sua presença dentro da Igreja particular, a criação de novos Institutos e as relações mútuas.

Francisco citou alguns documentos da Igreja para ressaltar que a vida consagrada é um capital espiritual que contribui ao bem de todo o corpo de Cristo e não somente das famílias religiosas. Portanto, o Pontífice pediu aos bispos, vigários e delegados para a vida consagrada que acolham este dom como elemento decisivo para a sua missão, promovendo em suas dioceses os diferentes carismas, antigos e novos.

Aos consagrados, Francisco recordou que a autonomia e isenção não podem se confundir com isolamento e independência. Os bispos são chamados a respeitar, sem manipular, a pluridimensionalidade que constitui a Igreja. Por sua vez, os consagrados devem se recordar que não são um patrimônio fechado, mas uma dimensão integrada no corpo da Igreja.

Maturidade eclesial

Quanto à criação de novos Institutos, o Papa reforçou que cabe ao bispo diocesano discernir e reconhecer a autenticidade dos dons carismáticos, levando em consideração inúmeros critérios: a originalidade do carisma, a sua dimensão profética, a sua inserção na vida da Igreja particular, o compromisso evangelizador e a também a sua dimensão social.

O bispo deve verificar ainda que o fundador ou a fundadora tenha demonstrado maturidade eclesial e uma vida que não contradiga a ação do Espírito Santo. O pastor tem ainda a obrigação de consultar sempre previamente a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e a as Sociedades de Vida Apostólica.

“No momento de erigir um novo instituto não podemos pensar somente na utilidade para a Igreja particular”, afirmou Francisco, acrescentando que os bispos, seus vigários e delegados não devem ser simplórios na decisão, já que assumem uma responsabilidade em nome da Igreja universal. Ao ser criado, deve-se pensar que o Instituto será destinado a crescer e a sair dos confins da Diocese que o viu nascer. Além disso, o Papa pediu uma atenção especial à formação dos candidatos à vida consagrada.

Responsabilidade

Por fim, o Pontífice falou da relação entre bispos e consagrados – tema que será debatido no Congresso em andamento e matéria de estudo da Congregação para a Vida Consagrada.

“Não existem relações mútuas lá onde alguns comandam e outros se submetem, por medo ou conveniência. Mas há relações mútuas onde se cultiva o diálogo, a escuta respeitosa, a recíproca hospitalidade, o encontro e o desejo de fraterna colaboração pelo bem da Igreja. Tudo isso é responsabilidade seja dos bispos, seja dos consagrados”, reiterou o Papa, que prosseguiu: “Neste sentido, somos todos chamados a ser ‘pontífices’, construtores de pontes. O tempo atual requer comunhão no respeito das diversidades. Não tenhamos medo da diversidade que provém do Espírito”.

Francisco concluiu pedindo uma atenção especial às irmãs contemplativas. “Acompanhem-nas com afeto fraterno, tratando-as como mulheres adultas, respeitando as competências que lhes são próprias, sem interferências indevidas”.

“Queridos irmãos, amem a vida consagrada e para este fim, busquem conhecê-la em profundidade. Construam relações mútuas a partir da eclesiologia de comunhão, do princípio de coessencialidade e da justa autonomia que compete aos consagrados”, foi a exortação final do Papa.