papa03Abandono é a ‘doença’ mais grave do idoso, diz Papa

Por Jéssica Marçal, da Redação
Foto: Arquivo – L’Osservatore Romano

Francisco recorda que cuidados com os mais fragilizados é uma atitude humana e testemunha o valor da pessoa, mesmo se ela é idosa ou doente

O Papa Francisco recebeu em audiência nesta quinta-feira, 5, participantes da 21ª Assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida. Neste ano, o tema em pauta foi “A assistência aos idosos e os cuidados paliativos”.

O Santo Padre lembrou que esses cuidados constituem uma atitude humana, de cuidar uns dos outros, especialmente de quem sofre. E testemunha que a pessoa é preciosa, mesmo se idosa ou doente.

“A pessoa, de fato, em qualquer circunstância, é um bem para si mesma e para os outros e é amada por Deus. Por isso, quando a sua vida se torna muito frágil e se aproxima da conclusão da existência terrena, sentimos a responsabilidade de auxiliá-la e acompanhá-la do melhor modo”.

O mandamento bíblico que pede para honrar os pais recorda, segundo o Papa, a honra que se deve dar a todas as pessoas idosas. Ele comentou que a sabedoria que faz reconhecer o valor da pessoa idosa e honrá-la é a mesma que permite apreciar os dons recebidos cotidianamente de Deus.

Honrar, conforme explicou Francisco, poderia ser traduzido hoje como o dever de ter extremo respeito e cuidar de quem, por sua condição física ou social, poderia ser deixado para morrer. O Santo Padre defende que o idoso precisa, em primeiro lugar, do cuidado da família, cujo afeto não pode ser substituído nem por estruturas mais eficientes nem por agentes de saúde competentes.

“O abandono é a maior ‘doença’ do idoso, bem como a maior injustiça que pode sofrer: aqueles que nos ajudaram a crescer não devem ser abandonados quando precisam da nossa ajuda, do nosso amor, da nossa ternura”.

Francisco manifestou seu apreço pelo trabalho do Pontifício Conselho e encorajou profissionais e estudantes a se especializarem em cuidados paliativos, uma assistência que valoriza a pessoa.

“Exorto todos aqueles que, de alguma forma, estão empenhados no campo dos cuidados paliativos a praticar esse empenho conservando íntegro o espírito de serviço e recordando que toda consciência médica é realmente ciência no seu significado mais nobre somente se se coloca como auxílio em vista do bem do homem, um bem que não se alcança nunca ‘contra’ a sua vida e a sua dignidade”.

A realidade dos idosos também foi o tema central da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, 4. O Pontífice destacou que as pessoas mais velhas não podem ser ignoradas, pois são a reserva de sabedoria de um povo.