Eu estendo a mão para esta causa

doacaoPor Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, Bispo de Campos (RJ)

No dia 27 de setembro celebramos o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos. Mais de 28.000 pessoas estão cadastradas esperando a doação de um órgão, mas o número certamente fica aquém da realidade que expressaria mais necessitados. Trata-se de uma causa profundamente humanitária e evangélica, que apresenta vários princípios e valores normativos.

Em primeiro lugar deve defender-se a vida do doador e receptor, pois o principio de respeito a vida da pessoa comporta a obrigação da “não disponibilidade” do próprio corpo senão por um bem maior do mesmo corpo ( princípio da totalidade ) ou por um bem maior, moral, superior, relativo à própria pessoa. O doador se vivo, não deverá sofrer um prejuízo substancial e irreparável em sua própria vida e na própria atividade, especialmente torna-se sério e delicado a situação de pai ou mãe de um grupo familiar.

O princípio da totalidade deve de estar de acordo com o princípio de solidariedade e socialidade, trazendo benefícios reais e de um fundado prolongamento na vida do receptor. O critério do consentimento esclarecido que deve constar em documento de identidade ou em caso de ausência pela vontade do doador comunicada pelos familiares.

Deve ser combatido firmemente o comércio e venda de órgãos, que leva ao desaparecimento de crianças e adultos em situação de vulnerabilidade social, que são literalmente trucidados. A questão da confirmação da morte, requisita garantias expressas que a cessação da vida é irreversível e não momentânea e algumas legislações exigem também um certo lapso, que a ciência e a lei podem precisar.

O que é gravemente ilícito é antecipar a morte fazendo ou obtendo alguma intervenção no paciente com o objetivo de retirar o órgão: a razão é que não se pode fazer o mal para obter o bem. O grande desafio da escassez de doadores será vencido e superado por uma maior percepção da comunhão e fraternidade entre os seres humanos, e da beleza e sublimidade do ato do doador que imitando o Cristo Eucarístico, partilha o seu próprio corpo para a vida da humanidade. Deus seja louvado!