Jesus Cristo e o Seu vigário

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Jesus governa a Sua Igreja de modo visível e ordinário por meio do Papa, o seu vigário na Terra

Quando Cristo instituiu a Sua Igreja, Ele edificou-a sobre um fundamento visível. É claro que, ao falar desta realidade que toca o Céu e a Terra, a doutrina católica se refere à Igreja como uma comunidade muito maior que o simples conjunto de fiéis presentes neste mundo. Esta paisagem que se contempla aqui é apenas uma pequena porção da comunhão dos santos. A Igreja está presente, sobretudo, no Céu, onde já estão glorificados nosso Senhor e Sua Mãe Santíssima, juntamente com uma multidão incontável de santos e anjos.

No entanto, Jesus, conhecendo a fraqueza e a instabilidade humanas, viu a necessidade de deixar à Igreja um pastor que “fizesse as suas vezes” na Terra. Ele construiu uma estrutura sólida, a fim de que os fiéis cristãos mantivessem a unidade da fé e não se perdessem. Nas palavras de Pio XII, “o divino Redentor governa o seu corpo místico de modo visível e ordinário por meio de seu vigário na terra”. Este vigário é sucessor do apóstolo Pedro, a quem foram confiadas as chaves do Reino dos céus.

Neste ponto, surge uma indagação: como explicar que, de acordo com São Paulo, Cristo seja a cabeça do Corpo, que é a Igreja, e, ao mesmo tempo, haja nela um chefe reconhecidamente venerado e respeitado, a ponto de ser chamado de Papa?

Esta parece ser uma questão espinhosa. Os protestantes vêm à baila com novas acusações infundadas de “idolatria”, como se ao sucessor de São Pedro fosse prestada uma honra devida somente a Jesus. Ora, basta conhecer um pouco de Catecismo para saber que o culto aos santos difere essencialmente do culto prestado a Deus. Note-se que a diferença está radicada na “essência” dos cultos, e não em uma mera gradação. Ou seja, o culto que se presta a Deus não é simplesmente maior que o culto aos santos, mas substancialmente diverso, já que a adoração ( latria) se dirige somente a Deus, e a mais ninguém.

Mas, para fazer cessar o falatório antipapista, basta mostrar aos protestantes uma passagem dos Atos dos Apóstolos que relatava que “o povo lhes tributava grandes louvores”. Será que também aos cristãos daquela época cairá a acusação de “idolatria”? Muitos deles – continuam os Atos – “traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles”.

A pergunta, no entanto, persiste: se Cristo é a cabeça do povo de Deus e Pedro é seu chefe visível, haveria na Igreja “duas cabeças”? O venerável Papa Pio XII responde, com propriedade:

“Nem se objete que com o primado de jurisdição instituído na Igreja ficava o corpo místico com duas cabeças. Porque Pedro, em força do primado, não é senão vigário de Cristo, e por isso a cabeça principal deste corpo é uma só: Cristo; o qual, sem deixar de governar a Igreja misteriosamente por si mesmo, rege-a também de modo visível por meio daquele que faz as suas vezes na terra; e assim a Igreja, depois da gloriosa ascensão de Cristo ao céu não está educada só sobre ele, senão também sobre Pedro, como fundamento visível.”

Ainda de acordo com o imortal ensinamento do Papa Bonifácio VIII, Cristo e Pedro formam uma só cabeça: “A una e única Igreja, portanto, tem um só corpo, uma só cabeça – não duas, como um monstro –, a saber: Cristo e o vigário de Cristo, que é Pedro e o sucessor de Pedro”. E explica o Catecismo de São Pio X que o Romano Pontífice “dirige visivelmente

[a Igreja] com a mesma autoridade de Jesus Cristo, que é a cabeça invisível da Igreja”.

Não há dúvida de que a fé no primado de Pedro, tal como posta por Jesus e reafirmada pelo Magistério da Igreja, é uma verdadeira pedra de escândalo. Ela mostra a este século orgulhoso que Deus, santo e incorruptível, age no mundo através de homens de carne e osso, com pecados e defeitos; que, nesta vida, desfrutamos o tesouro da graça “em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós”.