juventudeJornadas da Juventude

Por Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

O Papa São João Paulo II iniciou um trabalho importante com a juventude mundial. Todos os anos temos as Jornadas Diocesanas da Juventude, e a cada 2 ou 3 anos temos a Jornada Mundial da Juventude. No Domingo de Ramos, em todas as Dioceses do Mundo atualmente celebramos a Jornada Diocesana, que aprofunda temas que ajudam a preparar a Jornada Mundial.

A JDJ, sendo a dimensão diocesana da JMJ, surgiu já em 1985, quando o então Papa João Paulo II instituiu a JMJ. O intuito é um encontro anual com a juventude, tanto para aprofundar sua missão na sociedade como também para preparar a Jornada Mundial, que ocorre a cada dois ou três anos, e, assim, aprofundar o encontro com Cristo e o comprometimento com o Evangelho. Para isso, os jovens das dioceses se reúnem no Domingo de Ramos, ou em uma data próxima, para, juntos, refletirem a mensagem do Papa. Mas a proposta da JDJ é ir além, de tal maneira que o tema aprofunde os conceitos para a próxima jornada mundial. Assim, a JMJ vai sendo preparada desde cedo, para que não seja um único encontro, mas um compromisso contínuo com Cristo.

A Jornada Diocesana da Juventude (JDJ), dimensão diocesana da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), acontecerá aqui no Rio de Janeiro novamente neste ano no dia 28 de março, sábado, no Posto 3 da Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, às 14h. Da praia, os jovens seguirão em procissão até a Paróquia São Francisco de Paula, onde presidirei missa às 16h.

O tema proposto pelo Papa para ser trabalhado na Jornada em 2014 foi: “Bem-aventurados os pobres em espírito” (Mt 5,3). Em 2015, a intenção de Francisco foi continuar essa reflexão, portanto, ele escolheu como tema: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).

Isso nos fazer reviver o espírito da JMJ, que tanto marcou nosso país em 2013. A ação do Espírito Santo conduziu e inspirou o Santo Padre a realizar o que hoje conhecemos como Jornadas Diocesana e Mundial da Juventude. Assim é que entre 1983 e 1984, no 1950º. aniversário da Ressurreição de Jesus, foi realizado em Roma o Ano Santo da Redenção. No programa foi inserido o Jubileu Internacional da Juventude próximo ao Domingo de Ramos. Naquela ocasião, 300 mil jovens de diversas partes do mundo foram acolhidos por cerca de seis mil famílias romanas. Em virtude disso, o Papa João Paulo II deu uma cruz de madeira para simbolizar aos jovens: “como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção”. Desde então, a cruz peregrina participa de vigílias internacionais e visitou dezenas de países em todos os continentes em todas as Jornadas.

O evento teve uma acolhida impressionante e, às vésperas do Domingo de Ramos, o anfitrião polonês, Karol Wojtyla, disse aos jovens: “Que espetáculo tão magnífico ofereceis, vistos desde este palco. Quem disse que a juventude de hoje não se interessa pelos valores”? Com essas palavras, o Papa São João Paulo II entregou ao mundo um símbolo: uma grande cruz de madeira, que se chamaria mais tarde a “Cruz da Jornada Mundial da Juventude”. Era o início de uma grande jornada.

As Nações Unidas declararam o ano de 1985 como “Ano Internacional da Juventude”. Ficou claro em Roma que deveria haver outro encontro dos jovens do mundo todo com o Papa. O tempo foi curto e trabalhou-se intensamente. Dessa vez, mais de 250 mil jovens responderam ao convite do Papa, comparecendo em Roma no Domingo de Ramos.

Uma semana depois do encontro com os jovens, o Papa anunciou que as Jornadas Mundiais da Juventude passariam a realizar-se periodicamente. Assim disse em sua mensagem pascal de 7 de abril: “No domingo passado, encontrei centenas de milhares de jovens, e a imagem festiva de seu entusiasmo ficou profundamente gravada na minha alma. Meu desejo de repetir essa experiência maravilhosa nos anos vindouros, e de criar dessa forma um encontro internacional da juventude no Domingo de Ramos, corresponde à minha convicção de que os jovens estão diante de uma missão cada vez mais difícil e fascinante: a de mudar os mecanismos fundamentais que fomentam o egoísmo e a opressão nas relações entre os Estados e de assentar novas estruturas orientadas à verdade, à solidariedade e à paz”. Contudo, a instituição oficial da JMJ pelo Papa João Paulo II só ocorreria em 20 de dezembro de 1985, e a 1ª JMJ ocorreria em Roma no Domingo de Ramos de 1986. Elas seriam preparadas pelo setor Juventude, do Pontifício Conselho para os Leigos.

Então a Jornada Mundial da Juventude foi celebrada pela primeira vez, de maneira oficial, no Domingo de Ramos de 1986, em Roma. A partir de 1987, a cada dois ou três anos, como regra geral, organiza-se a Jornada Mundial da Juventude em algum lugar determinado do mundo e em data das férias escolares. Nos outros anos, celebra-se a Jornada da Juventude no Domingo de Ramos, em cada diocese.

Em 1987, os jovens foram convocados a Buenos Aires, onde 1 milhão de participantes escutaram as seguintes palavras do Papa: “Repito ante vós o que venho dizendo desde o primeiro dia do meu pontificado: que vós sois a esperança do Papa, a esperança da Igreja”. (…) Dois anos depois, 600 mil jovens foram em peregrinação à cidade espanhola de Santiago de Compostela, onde João Paulo II perguntou-lhes: “Por que vieram aqui os jovens dos anos 90, do século XX? Não sentis em vós o espírito do mundo”?

Em 1991, 1,5 milhão de pessoas participaram da Jornada no santuário mariano da cidade polonesa de Czestochowa. Depois da queda da “cortina de ferro”, essa foi a primeira ocasião em que os jovens do Leste Europeu puderam participar sem problemas do evento. “O Velho Continente aposta em vós, jovens da Europa Oriental e Ocidental, para construir esta ‘casa comum’ que deve contribuir para um futuro de solidariedade e de paz. (…) Para a prosperidade das gerações vindouras, é preciso que a nova Europa se baseie no fundamento dos valores espirituais que constituem o núcleo mais íntimo de sua tradição cultural”, disse o Papa.

A JMJ foi precedida pelos encontros no Vaticano (1984 e 1985); e iniciou em Roma (1986) e continuou: Buenos Aires, na Argentina (1987); Santiago de Compostela, na Espanha (1989); Czestokowa, na Polônia (1991); Denver, nos Estados Unidos (1993); Manila, nas Filipinas (1995); Paris, na França (1997); Roma, na Itália (2000); Toronto, no Canadá (2002); Colônia, na Alemanha (2005); Sidney, na Austrália (2008); Madrid, na Espanha (2011); Rio de Janeiro, no Brasil (2013).

O maior encontro de todos os tempos teve lugar em 1995, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude em Manila (Filipinas): 4 milhões de jovens aplaudiram o Papa, que evocava a relação com o próximo: “Sois capazes de oferecer vós mesmos, vossas forças e vossos talentos para o bem dos demais? Sois capazes de amar? Sim, vós sois. A Igreja e a sociedade podem colocar grandes esperanças em cada um de vós”.

No encerramento da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro 2013, o Papa Francisco anunciou a próxima Jornada: a próxima Jornada Mundial da Juventude já tem data marcada. O maior evento da juventude mundial, a ser realizado em Cracóvia, na Polônia, será de 25 de julho a 1º de agosto de 2016. O tema da JMJ em Cracóvia já foi anunciado pelo Papa e será baseado nas bem-aventuranças do Evangelho, tal como as Jornadas (Arqui) Diocesanas precedentes, que servirão de preparação para o evento em 2016. O lema será: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mateus 5,7), pois esta jornada mundial vai ocorrer na cidade das revelações da Divina Misericórdia a Santa Faustina.

A Polônia já sediou a JMJ em sua quinta edição, realizada em 1991, em Czestochowa. Após 25 anos, o evento retorna para a terra natal do fundador da Jornada, São João Paulo II, que foi canonizado em 27 de abril de 2014.

Que a Jornada Diocesana da Juventude deste Ano da Esperança, da Paz e da Vida Consagrada além de nos preparar para a JMJ de Cracóvia, nos ajude a viver o Ano Santo da Misericórdia para que os jovens continuem sendo protagonistas de um mundo novo na justiça e fraternidade. Assim como nossos olhos viram as maravilhas que o Senhor fez aqui no Rio de Janeiro, que nos abramos sempre a um tempo novo em que o Senhor continua agindo no meio de nós.