papaAbrir-se às surpresas de Deus, pede Papa em homilia

Da Redação, com Rádio Vaticano
Foto: Arquivo – L’Osservatore Romano

Santo Padre pediu que fiéis não fiquem fechados nas próprias ideias, mas procurem caminhar com Deus

Abrir-se às surpresas de Deus, não fechar-se aos sinais dos tempos. Foi o que pediu o Papa Francisco, na Missa desta segunda-feira, 13, na Casa Santa Marta. Comentando as Palavras de Jesus aos doutores da lei, o Papa exortou os fiéis a não permanecerem apegados às próprias ideias, mas a caminhar com o Senhor encontrando sempre coisas novas.

Jesus fala aos doutores da lei, que Lhe pedem um sinal e os define como “geração perversa”. O Papa Francisco partiu desse trecho do Evangelho para se concentrar no tema das “surpresas de Deus”. Tantas vezes, observou ele, esses doutores pediram sinais a Jesus e Ele lhes respondeu que não eram capazes de ver os sinais dos tempos.

“Por que esses doutores da lei não entendiam os sinais dos tempos e pediam um sinal extraordinário (Jesus deu a eles depois esse sinal)? Antes de tudo, porque eram fechados. Estavam fechados nos seus esquemas, haviam organizado a lei brilhantemente, uma obra de arte. Todos os judeus sabiam o que se podia ou não fazer, até mesmo onde se podia ir ou não. Tudo estava organizado. E eles estavam seguros ali”.

Para eles, acrescentou o Santo Padre, o que Jesus fazia “eram coisas estranhas”: andar com os pecadores, comer com os publicanos. A eles isso não agradava, era perigoso; colocava em perigo a doutrina, aquela doutrina da lei que eles, os teólogos, fizeram ao longo dos séculos.

O Papa reconheceu que a haviam feito por amor, para serem fiéis a Deus, porém, estavam fechados nisto, simplesmente haviam esquecido a história. Haviam esquecido que o Senhor é o Deus da lei, mas também das surpresas. Por outro lado, também para o Seu povo, Deus reservou surpresas tantas vezes, como quando o salvou da escravidão do Egito.

“Eles não entendiam que Deus é o Deus das surpresas, que Ele é sempre novo; nunca renega a si mesmo, nunca disse que o que havia dito era errado, nunca, mas nos surpreende sempre. E eles não entendiam e se fechavam naquele sistema feito com tanta boa vontade e pediam a Jesus: ‘Mas, dê um sinal!’. E não entendiam os tantos sinais que Jesus fazia e que indicavam que o tempo estava maduro. Fechamento! Segundo, haviam esquecido que eles eram um povo a caminho. A caminho! E quando se está a caminho, quando alguém está a caminho, sempre encontra coisas novas, coisas que não conhecia”.

Segundo Francisco, um caminho não é absoluto em si mesmo, é o caminho em direção “à manifestação definitiva do Senhor”; a vida é um caminhar rumo à plenitude de Jesus Cristo, quando virá pela segunda vez. Essa geração procurava um sinal, mas disse o Senhor: “Não lhes será dado nenhum sinal, senão o sinal de Jonas”, isto é, o sinal da Ressurreição, da Glória, daquela escatologia em direção à qual o homem está a caminho.

Os doutores da lei estavam fechados em si mesmo, reiterou o Papa, não abertos ao Deus das surpresas, não conheciam o caminho nem mesmo essa escatologia. Assim, quando no Sinédrio Jesus afirmou ser o Filho de Deus, escandalizaram-se, afirmando que Ele havia blasfemado.

Francisco explicou que eles não entenderam que a lei que eles protegiam e amavam era uma pedagogia em direção a Jesus Cristo. Se a lei não leva a Jesus, disse, não aproxima o homem d’Ele, é morta. E por isso Jesus os repreende por serem fechados, por não serem capazes de reconhecer os sinais dos tempos, de não serem abertos ao Deus das surpresas.

“E isso deve nos fazer pensar: eu sou apegado às minhas coisas e às minhas ideias? Sou fechado Ou sou aberto ao Deus das surpresas? Sou uma pessoa parada ou uma pessoa que caminha? Eu acredito em Jesus Cristo – naquilo que Ele fez: morreu, ressuscitou e acabou a história? Acredito que o caminho segue em frente até um amadurecimento, para a manifestação da glória do Senhor? Eu sou capaz de entender os sinais dos tempos e ser fiel à voz do Senhor que se manifesta neles? Poderíamos hoje nos fazer essas perguntas e pedir ao Senhor um coração que ame a lei, porque ela é Deus; que ame também as surpresas do Pai e que saiba que esta lei santa não é o fim em si mesma”.