Preocupe-se mais em ser a pessoa certa do que encontrar a pessoa certa

Por Ir. João Antônio Johas Leão via Jovens de Maria

A juventude é uma época em que tomamos decisões importantes, muitas delas que serão por toda a vida: o que estudar, onde morar e para aqueles chamados por Deus à vocação ao matrimônio escolher a pessoa que será o seu companheiro por toda a vida.

Escolher a pessoa certa é uma tarefa bem difícil, que exige muita prudência e discernimento. Corremos o risco de ceder à tentação de buscar a pessoa com critérios mundanos, dando mais valor às aparências, à condição financeira, que ao interior da pessoa. E o resultado em longo prazo pode ser catastrófico…

Mas antes de estarmos tão preocupados em encontrar a pessoa certa, por que não buscamos ser a pessoa certa e nos deixarmos ser encontrados? Se eu faço um esforço por ser uma pessoa virtuosa, buscando ser semelhante a Jesus, Ele com certeza colocará no meu caminho alguém que me faça feliz. Comecemos então a percorrer esse caminho da virtude.

A primeira virtude que proponho é a humildade. Um matrimônio santo deve estar fundado sobre a rocha da humildade, onde cada um reconhece as suas fraquezas, limitações, defeitos de caráter e personalidade e claro que as suas virtudes e dons, para crescerem juntos.

O humilde é aquele que vive na verdade. Portanto, num relacionamento é fundamental a sinceridade, o falar claro, o ajudar e corrigir o outro. Mentir, ser indiferente, ou deixar passar, ocultar coisas, causa muito dano à relação.
Ao ser humilde me percebo contingente, necessitado do outro para ser santo (no matrimônio os dois se santificam juntos). Assumo que preciso da graça de Deus para seguir adiante. Por isso recomendo cultivar a virtude da confiança em Deus para que todo obstáculo e conquista tenha a Ele como centro. Essa virtude vai muito unida à fé, que é fundamental na vida cristã.

Uma das maiores causas do fracasso dos casamentos é deixar de ter a Deus como o centro da relação e da vida e querer superar tudo apenas com as próprias forças. Ao deparar-se com a miséria do outro, com as dificuldades, com as limitações, acabam desanimando e perdendo a esperança.

Um provérbio russo diz o seguinte: «Antes de viajar por terra, ora; se é por mar, ora duas vezes; e se vai casar, ora três. Porque no matrimônio as tempestades e os naufrágios são muito frequentes».

Portanto, ao ser um jovem de Deus, um jovem de Maria, você tem a garantia de que poderá com a graça divina superar as dificuldades e também saber que direção tomar na vida.

Para cultivar a fé e confiança em Deus Jesus nos deu uma dica na Missa do último domingo: a oração. Seja um jovem que reza e verá como o horizonte se abre para você! Rezando percebemos o Plano amoroso de Deus para mim, encontramos resposta à nossas perguntas, oferecemos a Ele as nossas lutas, enfim, fazemos com que Deus participe ativamente da minha vida, cuidando de mim com sua providência. Você reza com e por seu companheiro?

Outra virtude muito importante, sobretudo nos dias de hoje em que queremos tudo muito rápido, é a paciência. É muito importante saber esperar, compreender o ritmo das coisas. Especialmente para os mais novos custa muito esperar. O tempo é muito importante para ir preparando, amadurecendo as pessoas, as circunstâncias. O tempo de Deus não é o nosso.

Algumas vezes perdemos a paciência com a gente, por perceber repetir-se o mesmo pecado, as mesmas dificuldades. E projetamos isso no outro. Não toleramos as falhas, as limitações e esquecemos que Deus é docemente paciente com a gente e nunca deixa de apostar por nossa conversão.

Essa virtude é muito importante para o casal, pois há coisas do outro e de mim que não são fáceis de mudar e que poderão exigir uma paciência de toda uma vida… O amor se prova no fogo. Se busco apenas sentir-me bem, não ter aborrecimentos, devo perguntar-me se o que sinto pelo outro é um amor verdadeiro.

Outra virtude que considero importante cultivar para ajudar no êxito de uma relação é a castidade.

O mundo considera “fora de moda”, ultrapassado. Mas ao percebemos a realidade nos questionamos se realmente ser casto, guardar-se para aquela pessoa que amo e quero passar todos os dias da minha vida, é algo “nada a ver”. Optar pela castidade é fazer a escolha de um amor verdadeiro que dura toda a vida.

Sendo casto demonstro respeito e grande amor pela(o) companheira(o), pois estou me guardando completamente para entregar-me a ela/ele no casamento. Estou guardando algo muito precioso para o outro: a minha virgindade, a minha pureza. Considere a pureza como uma joia de grande valor, como um diamante, que deve ser lapidado e constantemente cuidado.

Há uma primazia da virtude, do interior da pessoa, sobre a aparência, sobre o simples prazer sexual, que muitas vezes é egoísta. O instinto sexual pode cegar a minha percepção de coisas muito mais valiosas no outro e que é o que dá as bases para uma relação sólida.

Lembremos que o que está diante de mim é uma pessoa e não um simples objeto do meu prazer. Aprendamos a olhar o outro com dignidade e respeito, vendo além do seu corpo, do seu rosto.

Saibamos também merecer o respeito com o nosso pudor, tanto no vestir, no falar, no atuar. A pureza é como a janela que permite que vejam o meu interior. Se a janela não está limpa é muito difícil enxergar o que está dentro e me valorizar pelo que sou e não pelo que aparento.

Gostaria de falar de outras mais virtudes, mas aí a lista ficaria muito extensa e cansativa. Penso que olhando Aquele que é o modelo de virtude podemos resumir o que gostaria de partilhar com vocês.

Buscando ser cada dia mais como Cristo, posso encontrar a verdadeira felicidade. Ele nos fala que devemos ser primeiros cristãos e as outras coisas nos serão acrescentadas.

O que mais atrairá as pessoas? O que fará com que alguém me escolha como o homem ou a mulher da sua vida? Ver a Cristo refletido em você, alguém que pode construir algo junto com consistência. O ser é mais importante do que o ter, do que a aparência.

Com isso não estou dizendo que não seja importante arrumar-se, cuidar da apresentação. Que o seu companheiro trabalhe e tenha condições de oferecer-te o mínimo indispensável também é importante. Estou apenas propondo irmos ao essencial. Pois o companheiro pode até cansar-se da beleza da esposa, mas certamente não de sua virtude. A juventude, a beleza, pode ir com o tempo, mas o amor, aquilo que se construiu sobre a rocha, jamais acabará.

Que Cristo seja sempre o centro de nossa vida e de nosso relacionamento. Peçamos a sua graça constantemente para que aqueles chamados à vocação ao matrimônio possam construir famílias cristãs e assim um mundo melhor.