Tradição e fé marcam os festejos do mês de Junho

Por Jornal Sal da Terra 165, maio de 2014

Para os nordestinos, o mês de junho é, sem dúvidas, um dos mais esperados do ano. Uns porque gostam dos festejos juninos, outros porque não resistem às delícias da culinária da região nesta época. Mas para um povo movido pela fé, celebrar a memória de Santo Antônio, São João e São Pedro é muito mais do que vestir roupas estilizadas e dançar forró. Os três santos seguem vivos na tradição do povo brasileiro, especialmente o do Nordeste. Uma devoção que passa de pai para filho e enche a vida dos fiéis de esperança.

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Santo Antonio é o primeiro homenageado do mês com suas trezenas (13 noites de reza, de 1º a 13 de junho). Segundo uma antiga lenda, o santo ajuda as mulheres e homens que estão “condenados” a ficar solteiros a realizar os tão sonhados casamentos. A imagem do santo é representada com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, que lembram uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.

Santo Antônio Nasceu em Lisboa, em uma família nobre, por volta de 1195, e foi batizado com o nome de Fernando. Seguia a regra monástica de Santo Agostinho, primeiramente no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no da Santa Cruz, em Coimbra. Dedicou-se ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo a ciência teológica que o fez frutificar nas atividades de ensino e na pregação.

Em 1221 encontrou-se com São Francisco na Itália. Depois disso, viveu por algum tempo totalmente escondido em um convento perto de Forlì, no norte do país. Começou, assim, na Itália e na França, uma atividade apostólica que levou muitas pessoas que haviam se separado da Igreja a retomarem sua participação e engajamento na vida eclesial.

“O Precursor do Messias”

O segundo e principal santo católico reverenciado pelos nordestinos é São João, cuja data, 24 de junho, é feriado regional. Além das celebrações católicas, a data é comemorada a partir da noite do dia 23 com muitas festas animadas, com fogueira, fogos de artifício, forró e comidas típicas. A tradição das fogueiras foi trazida do continente europeu e representava o aviso à Maria do nascimento de João, filho de sua prima Isabel.

sao_joaoNo quesito religioso, São João Batista é considerado o “precursor” de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda. “E tu, menino serás chamado de Profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor preparar-lhe os caminhos.” (Lucas 1,76)

João era filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria. O casal já tinha uma idade avançada e achavam que não poderiam ter filhos. Mas um anjo do Senhor apareceu a Zacarias e lhe disse: “Não temas, Zacarias, por que Deus ouviu tua oração. Tua mulher dar-te-á um filho, a quem darás o nome de João”.

Na juventude, João era dedicado à oração. Usava roupas de pele de camelo, tinha os rins cingidos com uma cinta de couro e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestres. Quando completou 30 anos, recebeu uma ordem divina para deixar o deserto e anunciar a vinda do Messias e preparar-lhe o caminho. “Eu batizo na água, para a penitência, mas vem outro, que é mais poderoso que eu, e de quem eu não sou digno de desatar as correias das sandálias, ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.” Ao avistar o Senhor, João ficou extasiado e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.” Cumpria-se o que tinha Isaias profetizado.

“Sobre esta pedra edificarei minha Igreja!”

Não menos popular que São João e Santo Antonio, São Pedro é o último a receber as homenagens durante o mês de junho. Homenageado no dia 29, o principal apóstolo de Jesus Cristo é fiel depositário de todas as esperanças de chuva dos nordestinos. Pedro, cujo nome era Simão, era natural de Betsaida. Era filho de Jonas e pescador de profissão. Tinha, juntamente com seu irmão André e com Tiago e João, filho de Zebedeu, uma pequena frota de barcos pesqueiros.

sao_pedroCom base nas escrituras e nos textos históricos, percebe-se que Simão era de temperamento autoritário, impulsivo, entusiasmado embora às vezes desanimasse com facilidade. Mas era também franco, bondoso e extremamente generoso. E Jesus, após olhar longamente para ele diz: “a partir de hoje você vai se chamar Pedro”. E foi assim que Simão, o pescador da Galileia, deixou para trás toda sua vida e iniciou uma nova história, agora não mais como Simão, mas como Pedro, o pescador de homens.

É verdade que Pedro publicamente renegou a Jesus por três vezes. Mas é verdade também que por várias vezes professou sua fé. “aonde iremos, senhor, se só tu tens palavras de vida eterna?” “tu é o cristo, o filho do deus vivo”. “senhor, tu sabes que te amo”. Pedro era a pessoa chave no grupo dos doze e em várias ocasiões Jesus o distinguiu com um favor especial. É quase certo que esteve presente nas bodas de Caná. Foi testemunha da gloriosa transfiguração do senhor, no monte Tabor; e foi ele que, em companhia de João foi encarregado de preparar o cenáculo, para a celebração da páscoa ou a última ceia.

Depois de muitas labutas e sofrimentos, Pedro viu finalmente chegar o seu fim na terra. No ano de 64 o levaram para ser crucificado mas ele conseguiu que os carrascos o pregassem na cruz de cabeça para baixo porque não se achava digno de ser tratado como seu divino mestre. Hoje São Pedro atende pelo nome de Francisco e é ele o representante oficial de Jesus Cristo na Terra, o responsável por apascentar os Seus cordeiros.