Papa Francisco volta a denunciar cultura do descartável

Da Redação, com Rádio Vaticano

Em audiência no Vaticano, Papa pediu que atitude de descartar o outro seja superada; oposição à cultura do descartável é marco em seu pontificado

O Papa Francisco voltou a denunciar a cultura do descartável. Em audiência no Vaticano nesta quinta-feira, 19, com participantes de uma conferência internacional promovida pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, ele pediu que seja superada a atitude de descartar quem não é eficiente.

O encontro coincide com o vigésimo aniversário de publicação da Carta encíclica Evangelium vitae, de São João Paulo II, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. “Na Evangelium vitae encontramos os elementos que compõem a cultura da saúde: acolhimento, compaixão, compreensão e perdão. São comportamentos habituais de Jesus em relação à multidão carente que se aproximava Dele todos os dias: doentes, pecadores, endemoniados, marginalizados, pobres e estrangeiros”.

Segundo Francisco, essa proximidade ao outro supera toda barreira de nacionalidade, camada social e religião, como ensina o Bom samaritano. Vai além daquela cultura, no sentido negativo, segundo a qual seja nos países ricos seja nos pobres, os seres humanos são aceitos ou rejeitados de acordo com critérios utilitários, sobretudo de utilidade social ou econômica.

“Esta mentalidade é um parente do ‘medicamento dos desejos’: um costume cada vez mais difundido nos países ricos, caracterizado pela busca a todo custo da perfeição física, na ilusão da juventude eterna; um costume que induz a descartar ou marginalizar quem não é eficiente, quem é visto como um peso, um incômodo”, sublinhou Francisco.

O fazer-se próximo, observou o Papa, comporta também assumir uma responsabilidade para com a criação e a casa comum. “É preciso educar ao custodiar e administrar a criação como dom, entregue à responsabilidade de cada geração. Esta conversão do coração ao evangelho da criação pede que sejamos intérpretes do grito pela dignidade humana que se eleva sobretudo dos pobres e excluídos, como muitas vezes são as pessoas doentes e sofredoras”, disse ainda o Papa.

O evento promovido pelo Pontifício Conselho tem como tema “A cultura da saúde e do acolhimento a serviço do homem e do planeta”. O encontro teve início nesta quinta-feira, 19, e prossegue até sábado, 21.