Papa: “Se o coração não muda, não somos verdadeiros cristãos”

Da redação, com Rádio Vaticano

No Angelus, Francisco afirmou que manter a observação exterior da lei não é o suficiente para sermos bons cristãos

“As atitudes exteriores são a consequência daquilo que decidimos no coração, mas não o contrário. Com as atitudes exteriores, se o coração não muda, não somos verdadeiros cristãos”. Foi o que afirmou o Papa Francisco na oração do Angelus deste domingo, 30, diante de milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro, no Vaticano.

Na ocasião, o Pontífice explicava o Evangelho de hoje onde Jesus discute com os fariseus e escribas a prática “escrupulosa” da lei de Moisés e da “tradição dos antigos”, como “expressões de autêntica religiosidade”.

Neste sentido, Francisco afirmou que manter a observação exterior da lei não é o suficiente para sermos bons cristãos. “Como naquela época para os fariseus, existe também para nós o perigo de nos considerarmos tranquilos ou melhores que os outros pelo simples fato de observarmos as regras, as tradições, mesmo se não amamos o próximo, somos duros de coração e orgulhosos”.

Para o Papa, a observação literal dos preceitos é estéril se não muda o coração e não se traduz em comportamentos concretos: “abrir-se ao encontro com Deus e à sua Palavra, procurar a justiça e a paz, socorrer os pobres, os fracos, os oprimidos”.

“Todos sabemos, nas nossas comunidades, nas nossas paróquias, nos nossos bairros, quanto mal fazem à Igreja e a escandalizam aquelas pessoas que se dizem ‘muito católicas’ e vão frequentemente à igreja mas, depois, na sua vida quotidiana, descuidam da família, falam mal dos outros e assim por diante. Isso é aquilo que Jesus condena, porque é um testemunho contra a vida cristã”, disse o Papa.

Francisco destacou ainda um aspecto “mais profundo” que Jesus aborda no Evangelho: “Não existe nada fora do homem que, entrando nele, possa torná-lo impuro. Mas são as coisas que saem do homem que o tornam impuro”. Segundo o Papa, Jesus enaltece assim o primado da interioridade, isto é, do ‘coração’: “não são as coisas exteriores que nos fazem santos ou não santos, mas é o coração que expressa as nossas intenções, as nossas escolhas e o desejo de fazer tudo pelo amor de Deus”.

“Jesus dizia: ‘O teu tesouro é onde está o coração’. Qual é o meu tesouro? É Jesus, a sua doutrina? É o coração bom ou o tesouro é uma outra coisa. Portanto, é o coração que deve ser purificado e se converter. Sem um coração purificado, não se pode ter mãos realmente limpas e lábios que pronunciem palavras sinceras de amor: tudo é duplo, não? Palavras que pronunciam misericórdia, perdão: somente isso pode fazer o coração sincero e purificado”, afirmou.

E concluiu: “Peçamos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, para nos dar um coração puro, livre de toda hipocrisia. Esse é o adjetivo que Jesus disse aos fariseus: ‘hipócritas’, porque dizem uma coisa e fazem outra. Livre de toda hipocrisia, assim, que sejamos capazes de viver segundo o espírito da lei e alcançar o seu fim, que é o amor.”