misericordiaSó falar não resolve, é preciso agir, diz Papa aos fiéis

Sábado, 14 de junho de 2014

Neste ano, o Movimento das Misericórdias celebra 770 anos de fundação

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco encontrou-se, neste sábado, 14, com cerca de 30 mil voluntários de toda a Itália do Movimento das Misericórdias e dos doadores de sangue Fratres.

O encontro realiza-se 20 anos após o encontro com o então Papa João Paulo II, realizado na Sala Paulo VI. O Movimento das Misericórdias é um dos mais antigos movimentos de voluntariado italiano. Tendo nascido em Florença em 1244, neste ano festeja seus 770 anos.

Colorindo a Praça São Pedro com as cores amarelo, azul, vermelho e branco – as cores dos ‘uniformes’ dos movimentos – os participantes começaram a entrar na Praça às 8 horas para o encontro que teve início às 9 horas, com cantos, orações e testemunhos.

O Papa Francisco chegou ao local por volta do meio-dia. Passeou com o carro papal por entre a multidão, saudando a todos e beijando as crianças.

O Movimento foi apresentado ao Pontífice pelo Presidente Nacional das Misericórdias, Roberto Trucchi, pelo Presidente Nacional Fratres, Luigi Cardini e pelo “Corretor’ Nacional das Misericórdias, o Bispo de Prado, Dom Franco Agostinelli.

O Papa saudou todos os presentes e seus familiares, agradecendo as palavras que introduziram o encontro e observou que “as misericórdias, antiga expressão do laicato católico e bem radicadas no território italiano estão comprometidas em testemunhar o Evangelho da caridade entre os doentes, os idosos, os deficientes, os menores, os imigrantes e os pobres”.

Francisco disse que o serviço realizado por eles adquire sentido e a forma da palavra “misericórdia”, que, derivada do latim, significa “dar o coração aos míseros”. “Foi o que fez Jesus, escancarou o seu coração para a miséria do homem”, afirmou o Santo Padre, e complementou:

“No exemplo do nosso Mestre, também nós somos chamados a nos fazer próximos, a partilhar a condição das pessoas que encontramos. É necessário que as nossas palavras, os nossos gestos, as nossas atitudes expressem a solidariedade, a vontade de não permanecer estranhos à dor dos outros e isto com calor fraterno e sem cair em alguma forma de paternalismo”.

Informados, mas sem atitude

Em seguida, o Papa advertiu que, diante de tantas informações e estatísticas à disposição sobre a pobreza e as tribulações humanas, existe o risco de “sermos espectadores” muito informados e desencarnados desta realidade, ou mesmo de fazer belos discursos que se concluem com soluções verbais, separadas dos problemas reais”:

“Muita palavras, muitas palavras, muitas palavras, mas não se faz nada! Este é um risco. Não é o vosso, vocês trabalham bem! Mas existe este risco. Quando eu escuto algumas conversas entre pessoas que conhecem as estatísticas: ‘Que barbaridade, Padre. Que barbaridade!’. Mas você, o que faz por esta barbaridade? ‘Nada, falo!’. E isto não resolve nada. Palavras já escutamos muitas. O que serve é o agir, o vosso agir, o testemunho cristão, ir até os sofredores, aproximar-se como Jesus fez”.

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Francisco destacou que os cristãos são chamados a deixar-se envolver pelas preocupações humanas que cada dia os interpelam. “Imitemos Jesus: Ele vai pelo estrada e não ‘organizou’ um encontro com os pobres, nem os doentes, nem os inválidos que cruza pelo caminho; mas com o primeiro que encontra se detém, tornando presença que socorre, sinal da proximidade de Deus que é bondade, providência e amor”.

O Papa disse que estas associações se inspiram nas set obras de misericórdia temporal, que me agrada chamar a atenção para elas: “dar de comer aos famintos; dar de beber aos sedentos; vestir os nús; alojar os peregrinos; visitar os enfermos; visitar os encarcerados; enterrar os mortos”. “Vos encorajo a seguirem em frente com vossa ação e a modelá-la às de Cristo”.

O Movimento

O movimento das Misericórdias reúne 689 Confraternidades, tem 700 sedes em toda a Itália e conta com 670 mil voluntários. Dedica-se aos serviços de emergência médica e transporte de doentes, doações de sangue e órgãos, serviço social e assistência à deficientes e idosos, à proteção civil e intervenções internacionais.

As Confraternidades estão reunidas em uma Confederação nacional. Já o grupo de doadores Fratres reúne mais de 133 mil doadores de sangue ativos.