Em busca do herói de 2014

Por Russel Shaw (Aleteia)

Vamos encarar um fato: 2014 foi um ano pobre para os heróis e para o reconhecimento do heroísmo. É claro que este ano nos apresentou pessoas admiráveis e corajosas que fizeram coisas louváveis. Mas, muitas vezes, as suas boas ações ficaram ofuscadas pelos malfeitos de indivíduos em muitos âmbitos da vida: entretenimento, política, esporte, clero…

Claro que isso não é novo, mas é sério. As pessoas precisam de heróis e de heroínas como modelos. A ausência dos heróis abre espaço para o cinismo e para o desespero e é preciso remediar essa escassez com urgência.

Há vários esforços sendo feitos. Por exemplo, o site da Patheos publicou uma série sobre os “Heróis de 2014″. O cientista político Patrick Deneen anunciou que pretende dar um seminário sobre heróis e pediu que as pessoas sugerissem candidatos. Muitos nomes foram propostos. Perturbador, porém, foi o fato de que a maioria dos candidatos sugeridos fazia parte do mundo da literatura e do cinema, o que indica que os heróis da vida real estão mesmo em falta.

Eu não vi nenhum santo nessa lista. Poderia ser porque a maioria dos santos mais conhecidos viveu há muito tempo e teve uma vida muito diferente da nossa. Mas eu suspeito que a causa principal é que a santidade não desperta muito entusiasmo nestes tempos de secularização.

Ocorreu-me, ponderando sobre tudo isso, que o verdadeiro problema pode não ser a escassez de heróis como tal, mas a falta de padrões sólidos para identificarmos os heróis. Boa aparência, roupas elegantes, talento especial para dizer às pessoas o que elas querem ouvir são alguns dos requisitos para que alguém se torne um herói na cultura popular de hoje. E quando um indivíduo com essas características acaba se revelando oco por dentro, a desilusão é inevitável (mas não surpreendente).

Há nisto uma lição simples. Numa época em que os falsos valores são a norma, quem é tido por herói pode muito bem decepcionar no final.

Em tais circunstâncias, e com notáveis exceções ocasionais, os autênticos heróis e heroínas do nosso tempo tendem a ser mais ou menos desconhecidos e não reconhecidos. São homens e mulheres que não aparecem na TV; são pessoas vistas apenas por Deus e por um punhado de gente que as conhece de perto e que experimenta a bondade delas.

Os santos, como sugeriu São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, são pessoas como nós, de carne e osso, com defeitos e fraquezas, que conseguiram conquistar e dominar a si mesmas por amor de Deus. Nós também temos que aprender a descobrir as virtudes das pessoas que nos dão exemplo com o seu trabalho duro, com a sua abnegação e com a sua alegria.

Em outras palavras, há muitos santos que podem ser encontrados hoje por aí. Nós apenas não sabemos direito onde procurar por eles.