Em entrevista a jornal romano, Papa fala de desafios atuais

Domingo, 29 de junho de 2014

Francisco concedeu entrevista em que fala dos desafios da atual mudança de época, além de retomar outros assuntos já abordados em seu pontificado

Da Redação, com Rádio Vaticanopapa

O jornal romano “O Mensageiro” publica neste domingo, 29, uma entrevista com o Papa Francisco concedida à jornalista Franca Giansoldati. O Pontífice se concentra, entre outros temas, nos desafios da atual mudança de época e de cultura, que tem consequências na vida política, financeira e social.

“Proteger sempre o bem comum, que inclui a proteção da vida humana, a sua dignidade, é a vocação de qualquer político”, afirma o Santo Padre. Hoje, o problema da política, “um problema mundial”, nota Francisco, é que essa é desvalorizada, arruinada pela corrupção.

Esta decadência moral, não só política, mas na vida financeira ou social, é alimentada pela mudança de época dos dias de hoje, o que é também uma grande “mudança de cultura”. Neste contexto, segundo o Papa, a pobreza com a qual se preocupar não é só material.

“Possa ajudar uma pessoa que tem fome a fim de que não tenha mais fome, mas se perdeu o trabalho tem a ver com uma outra pobreza. Não tem mais dignidade”, explicou. Coloca-se, então, a necessidade de um esforço comum em ajudar as famílias em dificuldade. Comentando as baixas taxas de natalidade na Europa, o Santo Padre nota que este fenômeno não depende somente de uma deriva cultural marcada pelo egoísmo e pelo hedonismo, mas também da atual crise econômica.

Segundo Francisco, a bandeira dos pobres é cristã, a pobreza está no centro do Evangelho, que não pode ser compreendido sem entender a pobreza real. Ele ressaltou que há também uma belíssima pobreza do espírito, ser pobre diante de Deus para que Ele preencha. O Evangelho, na verdade, dirige-se indistintamente aos pobres e aos ricos; não condena os ricos, mas sim as riquezas quando se tornam objetos de idolatria.

Quando perguntado sobre como está andando a Igreja de Bergoglio, o Papa respondeu: “graças a Deus não tenho nenhuma Igreja, sigo Cristo. Não fundei nada”. Depois reiterou: “as minhas decisões são o fruto das reuniões pré-Conclave. Não fiz nada sozinho”.

O Pontífice falou também sobre suas próximas viagens à Ásia, como a de agosto para a Coreia do Sul e a de janeiro de 2015, para o Sri Lanka e Filipinas. Segundo ele, a Igreja na Ásia é uma promessa. “Quanto à China, trata-se de um desafio cultural grandíssimo”, afirmou.

Ao longo da entrevista, Francisco retomou brevemente outros temas já abordados durante o pontificado, como a questão das mulheres, a corrupção e a exploração – de trabalho e sexual – de crianças.

No dia em que se recordam os santos Pedro e Paulo, patronos de Roma, não faltaram referências também ao cotidiano e à tradição da cidade da qual o Papa é bispo. Este papel, nota o Santo Padre, é o primeiro serviço de Francisco. Roma, segundo ele, partilha os problemas de outras metrópoles como Buenos Aires. E justamente à pastoral das metrópoles será dedicado uma convenção em Barcelona no próximo mês de novembro.

Aos romanos, o Papa deseja que não percam a alegria, a esperança e a confiança, apesar das dificuldades.