Uma Igreja com um rosto cada vez mais plural

Por Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos (RJ)

O pontificado do Papa Francisco tem se caracterizado mais por gestos e atos de governo corajosos que por declarações. Suas decisões vão assinalando a passagem de uma Igreja muitas vezes auto referenciada e centrada nas próprias estruturas para a edificação de uma Igreja servidora, misericordiosa e participativa.

A nomeação de 20 novos Cardeais expressa sua vontade de internacionalizar e globalizar mais as estruturas reitoras da Igreja, como o Colégio Cardinalício, dando mais representatividade e universalidade a este órgão. Escolheu desta feita bispos que dedicaram suas vidas a pequenas dioceses, longe do poder, em contato com a gente comum da América Latina, Ásia e África.

A maioria das nomeações focalizou de fato aos países pobres e subdesenvolvidos. De 18 nações da periferia do mundo, 6 Cardeais de países que nunca tinham tido representação : Cabo Verde, Tonga, Panamá, Birmânia, Moçambique e Nova Zelândia. O Uruguai voltou depois de muito tempo a contar com um Cardeal, fortalecendo a presença católica neste pais que éo mais laicista da América Latina.

Dos 15 Cardeais com direito a voto, apenas um trabalha na Cúria Romana. Percebemos um projeto de renovação eclesial que dá voz e empodera as Igrejas Particulares, trás para a condução da Igreja um olhar mais abrangente e se assume decididamente a opção preferencial pelos mais pobres. Faz parte deste processo de ser uma Igreja em saída, que vai aoencontro das periferias, que alimenta as esperanças e alegrias dos povos na sua luta por emancipação e dignidade.

Todos eles serão empossados no Consistório do Colégio Cardenalício no dia 14 de fevereiro. É muito confortante ver que a Encíclica“Evangelli Gaudium”, está se concretizando numa nova forma de ser e viver a Igreja, com práticas e relacionamentos centrados, no respeito, no diálogo e na participação, o que já constitui um anúncio do Evangelho.

O mundo de hoje precisa de sinais que gerem abertura e confiança, em lideranças éticas e compassivas, que indiquem o caminho e o rumo de uma nova humanidade, protagonista da civilização da ternura, da solidariedade e da paz. Deus seja louvado!