Papa envia carta a participantes do encontro nacional da PJ

Da redação, com Rádio Vaticano

Cerca de quatro mil pessoas participam até domingo, 25, do Encontro Nacional da Pastoral da Juventude em Manaus (AM)

papaO Papa Francisco enviou, nesta quarta-feira, 21, uma carta aos participantes do 11º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ), reunidos em Manaus (AM) até domingo, 25.

A carta endereçada à secretária nacional da Pastoral da Juventude (PJ), Aline Ogliari, e ao membro da Comissão Nacional de Assessores da PJ, Alberto Chamorro, faz uma reflexão sobre a iluminação bíblica do encontro “Mestre, onde moras? Vinde e vede!” (Jo 1, 38-39).

O Santo Padre exorta os cerca de quatro mil participantes do encontro a nunca perderem “a esperança e a utopia”. “Vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja; sobretudo, são os que podem construir uma nova civilização do amor”, afirma no texto.

Leia a carta do Papa na íntegra:

“Mestre onde moras? Vinde e vede!” (Jo 1,38-39)

Estimada Aline e meu querido Alberto, que a graça do Jovem de Nazaré permaneça sempre com vocês, e nessa saudação quero abraçar a todos os jovens e adultos que estão participando do XI Encontro Nacional da Pastoral da Juventude nas benditas terras amazônicas.

É com grande alegria que me dirijo a vocês por meio desta singela mensagem. Obrigado por deixar-me participar deste grande e bendito encontro.

Gostaria de começar dizendo que fiquei muito feliz ao rezar e meditar a iluminação bíblica e o lema do encontro.

Essa pergunta habita no coração humano, a respeito de tudo e em todas as circunstâncias. Atesta-o a experiência pessoal, documenta-o a história, confirma-o o relato bíblico. O rosto da pergunta surge no alvor das origens com aquele célebre: “Adão, onde estás? Que fizeste do teu irmão?”; no templo de Silo, no diálogo do jovem Samuel com o sacerdote Heli, nas proximidades do rio Jordão com dois discípulos de João a Jesus de Nazaré: “Mestre, onde moras”? (Jo 1, 35-42).

Também, hoje, a pergunta bate “à porta” da nossa consciência: Que queres da vida? Que sentido dás ao tempo? Como geres o instante no todo na tua história pessoal? Tens presente o teu futuro definitivo?

E o teu contributo para o bem de todos? Cada um de nós saberá continuar a lista sem dificuldade.

Toda a pergunta tem resposta. “Vinde e vede”, a resposta de Jesus fica como modelo e pedagogia para todos os peregrinos da verdade. Eles vão e ficam na sua companhia. Deixam-se “moldar” pelo modo de ser do Mestre. Mais tarde serão enviados em missão. E, como outrora, também agora, somos convidados a conviver com Ele, a partilhar a Sua vida, a acolher o Seu olhar penetrante, a deixar-nos atrair e a “agarrar” pela experiência gratificante que dá resposta aos anseios mais profundos do coração humano.

Os discípulos, na companhia do Mestre, aprenderam os modos de realizar a missão: curar doentes e alimentar famintos, partilhar e viver na alegria sincera, deixar-se conduzir pelo amor universal e generoso, que Deus nos tem, acolher os mais débeis e afastados das fontes da vida. E partem pelos “quatro cantos da Terra” a anunciar a vocação sublime de todo o ser humano, a apreciar e a cuidar a dignidade do seu corpo (toda a sua pessoa), a construir relações na base da regra de ouro “tudo o que queres para ti, fá-lo aos outros”, a reconhecer que só a civilização do amor manifesta, o melhor possível, a convivência sustentada em sociedade e redimensionada na cultura, a vocação de toda a humanidade.

Essa mesma vocação que nos convida a partilhar “A vida, o pão e a utopia”. De que serviria dizer que somos seguidores de Cristo se somos indiferentes às dores dos nossos irmãos? “Mostra-me tua fé sem obras que pelas minhas obras te mostrarei a minha fé”, lembra-nos o apostolo Thiago.

Meus queridos e minhas queridas jovens, tenho muita esperança em vocês que dão testemunho com as suas vidas desse Cristo libertador. Esse Cristo que “olhou ao jovem com misericórdia e o amou”, a Igreja também ama vocês e por isso os peço que não se deixem abater pelas coisas que possam chegar a ouvir da juventude, em todo tempo histórico se falou pejorativamente dos jovens, mas também em todo tempo foi essa mesma juventude que dava testemunho de compromisso, fidelidade e alegria.

Nunca percam a esperança e a utopia, vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja, sobretudo, são os que podem construir uma nova civilização do amor.

Joguem a vida por grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas grandes!

Que o bom Deus abençoe sempre seus passos e seus sonhos e que a Nossa Senhora aparecida os cubra sempre com o seu manto sagrado.
Com minha bênção apostólica.

+ Francisco
Vaticano, 21 de Janeiro – Dia de Santa Inês – de 2015