Igreja é ponte que constrói a comunhão, diz Papa

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco recebeu cerca de cinquenta membros da escola de formação diplomática do Vaticano, a Pontifícia Academia Eclesiástica

Nesta quinta-feira, 25, o Papa Francisco recebeu, na Sala do Consistório, no Vaticano, cerca de cinquenta membros da comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica que concluíram um ano de estudos e vida comunitária. A Pontifícia Academia Eclesiástica é a escola de formação diplomática do Vaticano.

O Pontífice agradeceu-lhes por terem colocado suas vidas à disposição da Igreja e da Santa Sé e os encorajou a prosseguirem com alegria e serenidade neste caminho.

Francisco sublinhou alguns pontos dessa caminhada. Em primeiro lugar, a missão. “Vocês se preparam para representar a Santa Sé nas nações e nas Igrejas locais às quais serão destinados. A Santa Sé é a sede do Bispo de Roma, a Igreja que preside no amor, que não se fundamenta no orgulho vão de si, mas na coragem cotidiana da condescendência, ou seja, do abaixamento de seu Mestre”, disse.

A Igreja é ponte que constrói a comunhão

Segundo o Papa, “a verdadeira autoridade da Igreja de Roma é o amor de Cristo. Esta é a única força que a torna universal e crível aos homens e ao mundo. Este é o coração de sua verdade que não constrói muros de divisão e exclusão, mas se torna ponte que constrói a comunhão e chama o gênero humano para a unidade. Esta é a sua força secreta que alimenta a sua esperança tenaz e invencível, não obstante as derrotas momentâneas”.

O pontífice destacou que não se pode representar alguém sem refletir os seus traços, sem evocar o seu rosto. “Jesus disse: ‘Quem me viu, viu o Pai’. Vocês não são chamados a serem altos funcionários de um Estado, uma casta superior que se preserva, querida nos salões mundanos, mas a serem vigilantes de uma verdade que sustenta aqueles que a propõem.”

O Papa frisa que é importante não se tornarem áridos por causa das mudanças contínuas e que não se deixem esvaziar pelo cinismo, nem esmaecer o rosto Daquele que está na raiz do próprio percurso.

“Preparem-se para se tornar pontes, pacificando e integrando na oração e no combate espiritual, as tendências a se colocar acima dos outros, a suposta superioridade do olhar que impede o acesso à substância da realidade, a pretensão de saber tudo”, frisou.
Tutelar a liberdade da Sé Apostólica

Francisco disse ainda que o representante pontifício é chamado “a tutelar a liberdade da Sé Apostólica que para não trair a sua missão diante de Deus e para o verdadeiro bem dos homens não pode se deixar aprisionar pelas lógicas de certos grupos, se sujeitar aos poderes políticos e se deixar colonizar pela hegemonia ilusória da corrente principal”.

“Vocês são chamados a buscar nas Igrejas e nos povos o bem que deve ser incentivado. Para realizar bem essa missão é preciso depor o comportamento de juiz e usar a veste do pedagogo, daquele que é capaz de fazer sair das Igrejas e de seus ministros os potenciais do bem que Deus não deixa de semear”, sublinhou.

Coragem de arar o terreno

O Santo Padre exortou a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica a não esperar o terreno pronto, mas ter a coragem de ará-lo com as próprias mãos, de prepará-lo para a semeadura, esperando a colheita com a paciência de Deus.

“A missão do representante pontifício requer a busca de pastores autênticos, com a inquietação de Deus e com a perseverança da Igreja. A missão que um dia vocês serão chamados a desempenhar os levará a Europa, que precisa se despertar; África, sedenta de reconciliação; América Latina, faminta de nutrição e interioridade; América do Norte, que precisa redescobrir as raízes de uma identidade que não se define a partir da exclusão; Ásia e Oceania, desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e dialogar com a vastidão de culturas ancestrais.”

Francisco conclui pedindo para que os membros não se desencorajem com as dificuldades que inevitavelmente encontrarão.